6 de outubro de 2013

Mais uma não enviada (...)

Salvador, 28 de Setembro de 1987.



Somente observo detalhes,
E por poucos me encanto,
E dos poucos que me encanto,
                           muito me apego.
                                            Escrevo!


Continuava a observar o relógio prata no braço esquerdo, a forma sem compromisso como segura o volante, e novamente uma trilha sonora preenchia os instantes de silêncio mórbido da viagem (Rhythm of love – Scorpions) . Eu não queria mais um refrão do The Killers, não. Não dessa vez! Dessa vez eu queria que você virasse para trás sorrindo e sinalizando com os dedos para ir do banco traseiro ao seu lado, e ainda, que dissesse mais vezes: Ó, eu gosto dessa música aqui! , mudando a faixa no som do carro. Dessa vez eu queria evitar que meus cílios tocassem sua orelha toda vez que eu falasse baixinho, controlando a vontade de te abraçar e matar uma saudade derradeira.

Se eu pudesse, diria: Nunca mais sorria para mim. E então o encanto acabaria, acabaria como as cortinas de um teatro que se fecham após a peça, e eu partiria. Mas dessa vez eu queria que seu sorriso largo, e sua sobrancelha expressiva me acompanhasse pelo resto da noite, como uma cena marcante do espetáculo que findou. Eu só queria que seu sorriso me desconcertasse por um dia, por outro dia, pelo tempo que fosse necessário me fazer feliz. E pela ultima vez eu diria, não que eu seja sem medo, mas, mesmo assim não temo, pode vir comigo!”.

2 comentários:

Gabriele Santos disse...

incrível como um sorriso muda tudo não é?
Estou encantada com sua escrita, cada verso nos faz passear na cena, observando e tenso acesso a cada sentimento.
Parabéns viu e não pare mais de escrever rs;

Unknown disse...

Obrigada Gabriele :) Não se preocupe, sempre que eu puder, escreverei.