9 de novembro de 2015

Para Sir Sangramor

“Logo que ele se recostou na cabeceira da cama, vagarosamente entrelacei-me em suas pernas apoiando a cabeça em seu peito, levantei uma das mãos e tateando seu rosto acertei na retirada dos óculos”. Ah, os óculos, que o tornava dez anos mais velho. Ainda aconchegada em seu peito, fechei os olhos e adormeci , deixando ele sem qualquer tipo de explicação, sem qualquer tipo de questionamento, eu apenas queria adormecer em seus braços.”
– Então foi para isso que ela levantou no meio da noite? Lamentável. – disse Antônio.
– Sim.  – respondeu Frederico friamente.
– Mais uma para sua coleção de raparigas.
Levantei da mesa coberta por copos e restos de cigarros, deixando o Antônio falando sozinho. Resolvi voltar para casa a pé, e durante o percurso questionei-me: Nunca menti sobre meus supostos relacionamentos, nas noites de sábado, no máximo uma ligação para saber se chegaram bem. Fazia muito tempo que alguém não me surpreendia com gestos simples? Acho que sim.
– Boa Noite Sr. Zé.
Apertei o botão do elevador, o ronco do porteiro fanho me fazia companhia. Incrível como todas as vezes que eu chegava tarde Sr. Zé estava cochilando com um rádio de pilha ligado sempre na mesma estação. Ao abrir a porta do apartamento dou de cara com gato meio pardo sob a mesa, puta que pariu, depois de escutar as piadinhas do Antônio, o ronco do Zé, agora um gato na sala.  Um caos, aquele apartamento estava tão confuso quanto o bilhete que ela deixou sob a mesa ao sair, mas sinceramente? Era assim que eu desejava que estivesse, com roupas, bocas, cheiros, jeitos e beijos.




24 de janeiro de 2015

Sem receitas.




Eu já cheguei a sentir falta do martírio que era conquistar o minimo de atenção, de esperar por dias uma ligação, de conversar com todos os meus amigos sobre uma aflição infinita, de virar noites ouvindo musicas até que o sono chegasse, mas quem nunca?  Logo, você não sente mais borboletas no estomago, nem uma obsessão de 24 horas por dia, nem coloca seu relacionamento na frente de todos os seus planos, por que talvez você tenha crescido menina, ou talvez você só tenha desacelerado. Quem sabe  tenha aprendido que o amor é tão calmo quanto a brisa que beija seu rosto agora.

O amor é paciente, e para ele não existe receita de bolo, sempre achará um meio de nos encontrar.Cada amor do seu jeitinho, intenso como o namoro de dois adolescentes ou companheiro como o casamento dos nosso avós. Não adianta usar termômetro para saber quem gosta mais, quem cede menos, quem briga mais, quem chora menos. Ao final da noite, após terem feito amor, você os encontrará deitados um ao lado do outro, afônicos e satisfeitos. 

Então menina, após caminhos tortuosos, agradeça o amor leve, que senta em frente a você e aproveita a minima distração para observar seu sorriso, feito bobo, que lê todos seus textos e internaliza o que cada um quer dizer, mesmo que eles não digam nada, que promete ser seu companheiro para todas as horas, e mesmo não sendo, você não se aborrece, que se faz cúmplice, amigo e ouvinte. Esse sempre encontrará um meio termo entre o café com leite e o suco sem açúcar, por que mesmo sendo feijão e arroz, ainda seremos a melhor combinação.

23 de janeiro de 2015

Vem, vamos pegar a estrada ...


Às vezes eu tenho a impressão que algumas pessoas são filhos do mundo, sim, do mundo.  São aquelas que sentem uma inquietação inerente, uma insatisfação frequente, um desapego que chega a ser apego a sí.

Vem, vamos pegar a estrada, deixa de monotonia, colocou o tênis na mochila? Faremos uma trilha, mas não esquenta, no final a recompensa vale a pena. Desliga o ar condicionado e abaixa os vidros. Seleciona uma playlist legal, e aperta o Play.  Deixa a brisa beijar seu rosto, encosta a cabeça e relaxa, seus amigos estão no banco de trás do carro. Acho que alguém pôs o violão na mala, preparamos um luau para a primeira noite, você trouxe o biquíni?

Dessa vez não precisaremos de guia, eu já aprendi o caminho.  E se nos perdermos, o que é que tem? Quem nunca olhou o mapa de cabeça para baixo, rs!
Esqueci de te avisar, amarrei a prancha no teto do carro, por que eu sei o quanto você vai ficar encantada com as ondas, além da prancha, os coletes, quem sabe achamos algum kaiak por lá. Prometo que vou armar a barraca direito, olha na sua bolsa, tem até repelente.

E por fim, vem cá, deita aqui, encosta suas costas em minha barriga para que meu nariz fique ao nível do teu pescoço, espera! Vou entrelaçar minhas pernas nas suas, passar meus braços sob sua cintura. Pronto! Agora abre os olhos, veja como o céu está mais bonito. Preparada? A viagem ainda nem começou.