9 de novembro de 2015

Para Sir Sangramor

“Logo que ele se recostou na cabeceira da cama, vagarosamente entrelacei-me em suas pernas apoiando a cabeça em seu peito, levantei uma das mãos e tateando seu rosto acertei na retirada dos óculos”. Ah, os óculos, que o tornava dez anos mais velho. Ainda aconchegada em seu peito, fechei os olhos e adormeci , deixando ele sem qualquer tipo de explicação, sem qualquer tipo de questionamento, eu apenas queria adormecer em seus braços.”
– Então foi para isso que ela levantou no meio da noite? Lamentável. – disse Antônio.
– Sim.  – respondeu Frederico friamente.
– Mais uma para sua coleção de raparigas.
Levantei da mesa coberta por copos e restos de cigarros, deixando o Antônio falando sozinho. Resolvi voltar para casa a pé, e durante o percurso questionei-me: Nunca menti sobre meus supostos relacionamentos, nas noites de sábado, no máximo uma ligação para saber se chegaram bem. Fazia muito tempo que alguém não me surpreendia com gestos simples? Acho que sim.
– Boa Noite Sr. Zé.
Apertei o botão do elevador, o ronco do porteiro fanho me fazia companhia. Incrível como todas as vezes que eu chegava tarde Sr. Zé estava cochilando com um rádio de pilha ligado sempre na mesma estação. Ao abrir a porta do apartamento dou de cara com gato meio pardo sob a mesa, puta que pariu, depois de escutar as piadinhas do Antônio, o ronco do Zé, agora um gato na sala.  Um caos, aquele apartamento estava tão confuso quanto o bilhete que ela deixou sob a mesa ao sair, mas sinceramente? Era assim que eu desejava que estivesse, com roupas, bocas, cheiros, jeitos e beijos.




Nenhum comentário: